Tico e teco em curto circuito





Não gosto de biografias. Não gosto de revistas especializadas e seus textos de sucesso empresarial. Não gosto de literatura de autoajuda. Não gosto de cinco dicas para ser gostosa. Da lista de melhores filmes, melhores músicas, de supermercados, de segredos de beleza, manuais, vídeos de capacitação edificantes,  conselhos úteis, caminhos fáceis. Daqui a pouco eu vou compor uma música mais legal do que a da Adriana Calcanhoto: “eu não gosto de bom gosto, eu não gosto de bom senso, não gosto.”  

A vida já é tão ela mesma todos os dias, por que eu vou ler sobre a vida dos outros? Tá, admito: isso é muito pisciano. E aí o meu marido vai dizer: que se foda a astrologia! Mas eu sou escapista, sim, vai encarar? Deveria estar lendo os livros “profissionais” que eu vejo estrategicamente dispostos na mesa do meu chefe geração Y : Likeable Social Media, Brand Media Strategy, Marketing no Setor Público, Advertising and Promotion... 

Enquanto isso, na minha mesa tem um peixinho de origami; uma vela da Docinho (uma das superpoderosas, a mais pentelha, que meu marido astrônomo, não astrólogo - fique claríssimo - me deu no meu aniversário); poema de Manuel Bandeira; mantra do Eterno Sol; fotos dos meus filhos e uma historinha maluca da maravilhosa loja portenha Sopa de Príncipe. Ou seja: eu não presto mesmo. Sou um desserviço à causa da competência feminina no ambiente de trabalho. 

O lance é que eu vejo a pilha de literatura engajada do meu chefe e fico com vontade rir. E de pegar uma praia. Como disse a instigante e delirante artista Karina Buhr (recomendo muito, salve Youtube!), um banho de mar resolve qualquer coisa. Eu quero é ler a revista da Livraria Cultura. Eu queria é estar fazendo essa revista. Ou os livrinhos maneiros que ganhei de outra amiga: “O menino da gota serena”, “Bichodário”. 

Tá vendo? Os meus próprios amigos conspiram contra a minha seriedade... Eles me desviam do caminho da rotina. Eles querem que eu seja extravagante. Até o Oscar Quiroga disse que os piscianos precisam ser extravagantes. (E aí o meu marido arregala os olhos e diz: onde você lê essa merda de horóscopo?) 

Como é que eu posso ser casada com alguém que não acredita em duendes? Ok, eu também não acredito. Sou extravagante, não bichogriloecochata. Tenho alma de artista. Sou número 4, o número da Justiça e da perfeição, segundo Pitágoras - percebam que, de vez em quando, eu também leio algo realmente erudito, mas só se for ao meu favor. KKKK!!! 

Mas eu estou me divertindo escrevendo tanta besteira!! Isso: queria ser paga para escrever as titicas de galinha que viessem à minha mente surtada. Ter uma coluna semanal apenas para delirar à vontade. A Tati Bernardi tem, poxa! (eu e a minha birra com a Tati, coitada!). O que fazer com a minha energia yang para criar e brigar enquanto sou yin para prestar atenção no que realmente poderia me conectar com um profissionalismo próativo?

E desde sempre esse serviço público. O lugar do mesmo por excelência. Louca em camisa de força. Todavia não desisti de ser escritora não. Perturbo o meio mundo dos meus contatos com autopromoções. Levo bronca. Alguns já me pediram com carinho (ou sem) para serem retirados do meu mailing list (argh!!). 

Só que ainda acredito em conexões telúricas e nos ditados populares: “quem não arrisca, não petisca”, por exemplo. Sou uma menina pia. 


Temas do post:

http://www.youtube.com/watch?v=aPx5e4BVlWI
http://www.youtube.com/watch?v=o3n3jvfU-Rw




Comentários

  1. Por favor me mantenha em sua lista...adooooooro quando você dá umas surtadas !bj.Namastê!
    Cynthia

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  2. Oi Luciana,

    Para quem adora ler, voce tem um gosto bastante limitado!!!

    Happy Thanksgiving!

    Evelyn

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    Respostas

    1. É, querida Eve, eu sou muito seletista... Gosto de romances, de ficção, de livros policiais, de suspense, de poemas, amo poemas e também um bom livro infantil. Mas gosto de gente densa como Clarice Lispector e Guimarães Rosa. Poucas pessoas se aventuram por eles...

      Eu adoro ler, mas ler esse universo romanceado, ficcional e lúdico. De realidade, basta a vida que tem de ser vivida todo dia.

      Gosto de algumas revistas, como a Bem Simples, que é meio autoajuda, mas uma autoajuda descolada.

      Happpy Thanskgiving pra você também!! Torta de pumpkin e peru Sadia!!! KKK!! Saudades de NY (sempre!) E de vocês, amigos do hemisfério norte.

      Lulupisces.

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  3. Lulu,

    Estou até sem saber por onde começar. Acredita que dia 05/11 (pelo menos é a data do último texto que havia lido no seu blog) li o texto "Desvairada Mesmo!", comecei a ler "Oração de Ateu" e li (acredite!) até "Ouvindo Caetano". Saí do blog.

    Hoje, depois de ler seu email voltei ao blog e comecei do primeiro texto, "Tico e Teco em Curto Circuito, anotei o nome Tati Bernardi, pra ler um pouco do que ela escreve e ver o que acho! Depois li "Crepúsculo das Divas" e me lembrei como se fosse hoje, a gente lá no seu apartamento do Sudoeste, de você me contando da emoção que sentiu e do tanto que gritou, depois de receber o telefonema dizendo havia ganhado o concurso, me lembrei das flores que o Bernardo mandou e matou todas as outras nove vencedoras de inveja...

    Fui seguindo, "Pequena Sinopse Delirante" muito fofo o texto (se é que fofo pode ser adjetivo pra texto), "De nordestino e louco todos nós temos...e muito", pronto, comecei a chorar... Pensei "essa Lu sempre me faz chorar". Aí "Edgar Alan Poe faria uma obra prima", achei engraçado e pensei " não me lembrava que a Lu assistia filme de terror/suspense". Depois me lembrei de você dizendo que era um absurdo esse meu preconceito, que eu estava perdendo excelentes filmes e por isso assisti "Os outros"? Não tenho certeza do nome, aquele em que a Nicole Kidman não sabe que está morta e vê pessoas na mansão em que mora. E tive que concordar com você. Depois disso assisti outros. "Os Outros" não é aquele filme que conta a vida da Virginia Wolf?

    "Se Conselho Fosse Bom..." adorei! Me senti menos culpada como mãe, mas acho que não sou das mais culpadas, talvez a minha culpa venha daí! kkkkkkkkk. De quase não me sentir culpada! "A Dor dos MEUS Filhos", antes de ler sabia que as chances de chorar eram grandes. Dito e feito. Aí cheguei de novo em "Desvairada Mesmo!". Ah! Que pena! Acabou... Mas fui descendo o mouse e cheguei em "Oração de Ateu". Me lembrei "Ah! Não li todos esses. Fui abaixando ao poucos, "vou ler esse que ela fez pro Bernardo de novo", li. "Ouvindo Caeteno, será que li". Reli. De repente "Ceci".

    Pensei, eita! Nem tinha visto esse no outro dia! Será que sou eu??? Comecei a ler... Chorei! Fiquei tão emocionada, Lu!!! Muito obrigada por esse carinho, por esse afago. Por tocar meu coração em (mais um) dia de tédio, na minha lida diária neste trabalho, que tem me ajudado muito a trabalhar minha humildade...

    Lulu, gosto tanto de você, queria tanto conviver mais com você, juntar nossos filhos... Engraçado, você não vai acreditar, mas ontem, quando li no Facebook a história do Rômulo confundindo a Dilma com a Ana Maria Braga (kkkkkkkkkkkkkk, aliás esse foi o assunto no meu café da manhã com o Beto hoje. Morremos de rir!), pensei "vou ligar pra Lu e pedir pra ela sempre me chamar pra esses programas com os meninos, assim a gente se vê, os meninos passam a conviver mais e vou a programas que adoraria ir, mas tenho preguiça de ir sozinha. E outro dia já tinha visto as fotos de você no CCBB. Pronto, fica aí o meu pedido. Me chama?

    Beijos, muito agradecida e com muito amor,
    Ceci

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