Ilha Paviloche

Florianópolis tem praias e recantos para todos os gostos e bolsos e isto não é clichê. Eu sei que vocês já devem ter lido esta mesma frase em alguma matéria de revista de viagem, mas não pude evitar a exata constatação.

Santo Antônio de Lisboa

Tem argentino brotando da terra como erva daninha também. Em Canasvieiras, uma grande feira do Paraguai, ops, da Argentina a gente não sabe se existem mais quinquilharias para abarrotar os turistas ou argentinos a gritar pelas calçadas em bandos, como gralhas tostadas pelo sol. Comecei a pensar que o estrangeiro ali era eu e que estava nas férias erradas.

Não sou xenófoba, já escrevi esta sentença aqui também (acho que hoje estou muito repetitiva), mas seria um tantinho legal se a prefeitura de Floripa ou a secretaria do meio ambiente e turismo fizesse uma campanha a cada verão com o tema: “Salvem as areias finas e brancas das praias catarinenses dos tocos de cigarro!!!!”

Argentinos...êta povo que fuma! E depois espalha seu vício por todas as belas praias da ilha, se esbaldando em grupos ruidosos como se fossem leões marinhos (eu disse que estava repetitiva). Nós deveríamos ter uma atitude solidária e camarada com nossos hermanos e emprestar – por prazo determinadíssimo – o Ziraldo para eles. O genial cartunista BRASILEIRO faria os portenhos entender que “fumar é brega”, “fumar é cafona”. Assim como os cabelos a la Messe que 9 entre 10 da espécie masculina argentina insistem em ostentar.

Gaúcho também sai pelo ladrão em Floripa. Sempre em patotas, tomam chimarrão na praia formando uma roda. A cuia a passar de cadeira de praia em cadeira de praia, mantendo a rotina da calçada da casa nas tardes tranquilas, eu suponho. Uma espécie orgulhosa encontrada na ilha na mesma proporção em que podemos comer as fartas e famosas ostras locais.

Biro-Biro, o pegador de carangueijo

Mas, acredite, passar as férias na santa e bela Florianópolis (outro bordão pra não perder a linha de raciocínio) é gostoso sim. Palavra de bruxa. O lance é deixar a mente aberta para os engarrafamentos e a indefectível instabilidade metereológica. “Tirante” esses pequenos contratempos, Floripa é uma festa de praias lindas. A maioria dos morros ainda preservada, sem favelas a roubar toda a vegetação nativa. Não há meninos e meninas pedindo esmolas em cada semáforo...Meu filho de dois anos e meio, que não entende a lógica perversa desta situação, sempre me pergunta: “mamãe, o que ele deu?” Ô inocência...

É quase como se estivéssemos num país mais justo e civilizado. Se você for à praia Jurerê Internacional dá até para crer que podemos chegar lá. O nome patético não compactua com a beleza e a qualidade do lugar. Tudo limpo, organizado e de encher os olhos. “Luxo é lixo no lixo”, as plaquinhas explicam.

Praia da Barra da Lagoa

Cruzei com o técnico Bernardinho e a mulher, Fernanda Venturini, em quase tranquila caminhada pela areia (porque, cá pra nós, aquele cara consegue relaxar?) Engraçado que a televisão o torna atarracado...Na minha cabeça ele era um nanico. Mas o homem é grande. A Fernanda, em shape após o nascimento da segunda filha, uma vara pau magrinha...

A questão é que a nova geração de jogadores de vôlei chega, e às vezes passa, de dois metros. Então, um cara de 1.80 fica parecendo baixinho no meio deles. Ah, e para quem tem fetiche com louras, Floripa é o canal. Centenas de milhares desfilam seus corpos vermelhos pela orla.

Esta foi a quarta vez que estive na ilha, porém a primeira em que alugamos uma casa de praia e estacionamos por 15 dias. A praia da Daniela, para quem tem criança, é a pedida perfeita. Mar calmo e raso, lotação não tanto esgotada, água não tão fria...A gente acorda ao som dos passarinhos e pode fazer uma caminhada matinal pela areia até a pontinha da reserva dos Carijós (tipo de caranguejo). Ali, longinho da farofada, você acredita que é o único sobrevivente do naufrágio e fica em paz com a natureza, completamente sozinho. O visual é espantosamente espiritual.

Ratos da Praia da Daniela
 E para terminar, defendendo nossa bandeira verde e amarela mais uma vez, não deixe de provar o sorvete da Paviloche. O carrinho compete com os das marcas Kibon e Nestlé na areia da praia e, apesar do nome parecer argentino e você já estar com uma certa alergia a eles, a fábrica fica em Joinville. O melhor picolé da praia, cem por cento nacional, cem por cento saboroso. Aposte!

Xô Unilever! Tome Paviloche e se sinta em Bariloche, sem argentinos, porque todos vieram para a Florianópolis. Ainda por cima, o vendedor que ficava na Daniela era um gato e muito simpático, o que me fez decretar aos meninos: “Vamos esperar o da Paviloche!” Afinal, também sou filha de Deus e estava ali para me divertir.

Agora vou tomar meu colírio alucinógeno, certo Macaco Simão? Fui!

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