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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Ninho

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A gente percebe que está envelhecendo quando:  Passar a ter potes e mais potes de variados cremes anti-aging na bancada do banheiro;  Não tem mais coragem de colocar certas roupas como minissaias, vestidos justos, shortinhos e biquínis de cortininha;  Pensa seriamente em fazer uma plástica nos seios quando achou que jamais se renderia a essa vaidade vã;  Fala putz grila e seus filhos lhe repreendem acreditando que se trata de um palavrão;  O marido reluta em ir contigo ao show do Elton John porque ele vai acontecer num estádio de futebol e “ a gente não tem mais idade para isso”;  O tema velhice está entre os mais debatidos no blog...  Tenho acompanhado a curta distância o embate entre minha sogra e os filhos dela. De um lado, a senhora de 80 anos orgulhosa como o quê. A velhota precisa entender que hoje é filhote de passarinho, mas quem disse que quer abdicar do trono de provedora? Do outro, os três descendentes, preocupados e exasperados com a teimosia da

Âmago

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“Sonhos vêm, sonhos vão, o resto é imperfeito...”   (Renato Russo) Como criticar o sistemático hábito dos povos antigos de recorrer aos oráculos e à decifração de sonhos? Se, ainda hoje, com tanta ciência e medicina, eles ainda mexem com a gente? Podem tornar nosso dia bom ou ruim. Atormentam ou acalentam.  Nessa semana, os sonhos me perseguiram. Os dos outros, especificamente. Um bom amigo (físico e místico) sonhou que estava evangelizando crianças e queria saber se eu já pensei em evangelizar os meninos. Sim, já pensei. Já perguntei ao Tomás se ele queria fazer catequese, mas ele ainda não demonstrou interesse pelo assunto.  Entretanto o tema, vire e mexe, é pauta na conversa informal da nossa família. Eu sou do tipo que atira para todos os lados e colho ensinamentos e conforto de qualquer religião. Aí me pergunto: como escolher uma específica para os meus filhos? Não seria imposição? Qual será a mais adequada para eles? Melhor deixar que ambos decidam se

Ação de Graça

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Então meu marido disse como quem não quer nada querendo tudo: “mas você vai escrever um texto sobre a Serra da Capivara, né?” Para quem é mulher de Físico, meio elogio basta. Esse pedido disfarçado no meio da conversa, talvez tenha sido o suprassumo do reconhecimento ao meu talento. Carece aproveitar!  Mas é delicado falar de assuntos espirituais. Não quero parecer uma fanática e nem catequizar ninguém. Entretanto, conheço umas quatro pessoas que já disseram: meu próximo destino de férias será o Piauí. Não vou esconder que fico gratificada.  Se contribuir para derrubar um mito triste: de que aquele estado pequeno e esquecido, um Goiás diminuto e tímido, não passa de cu do mundo, ganho o dia. Quem sabe, até a razão da de viver, pois se minhas palavras andam transformando corações e mentes, enfim, estarei alcançando o nível da literatura?  Chega de encher linguiça! O Parque Nacional da Serra da Capivara, patrimônio cultural da humanidade declarado pela bendita Un

Eremita

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De longe, caminhando nos primeiros raios de sol pela erma praia, vi uma movimentação no braço de areia que a maré baixa deixou. Eram crianças que iam e vinham, abaixavam-se e alegravam-se ao levantar. Sim, elas haviam encontrado o mapa da mina. E eu ainda estava tão distante...  Apressei o passo na areia fofa. Meus pés urbanos ressentiram-se da aspereza salina. Enfim, alcancei o grupo de guris que trazia as camisetas transformadas em embornal recheado de estrelas do mar.  Cheguei ao fundo do poço. Admito, foi humilhante chantagear emocionalmente uma criança. Mas, dane-se o pudor, qualquer escrúpulo. Tudo por um tesouro.  - Vocês têm tantas e eu nenhuma... Você me dá uma?  A menina não titubeou. Estendeu a bela estrela branca quase ao alcance do meu nariz. O pixote ao lado repetiu o gesto, mas a dele não era tão bonita e eu gentilmente recusei, afirmando que uma apenas me bastava. Mentira! Pronto, agora sim tinha atingido o ultimato da perfídia. Adulta, enfim. E