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Mostrando postagens de setembro, 2011

Sexismo pra quem, cara pálida?

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Quem é publicitário de coração não perde o olho nas novidades do intervalo. É mania de ficar babando com os insights comoventes e alegres ou de criticar as derrapadas de outros colegas... Que ideia estapafúrdia, patética!!! Com a internet, estou sempre recebendo filmes publicitários dos amigos. Hoje é mais fácil acompanhar a evolução da publicidade que, na essência, continua a ser “Felizes para sempre em 30 segundos”, título da monografia de conclusão da faculdade escrita a quatro mãos com a amiga Marisa em, bem, deixemos para lá, idade não importa. Pois agora estou de cara com essa polêmica vazia em cima do filme da Hope com a Gisele B. Vou dar a minha opinião como publicitária e como mulher. Estarei também sendo sexista com essa dicotomia? Como profissional da área, um pouco enferrujada, é verdade, acho o mote da campanha interessante. Se bem que preferiria ver uma bela ao estilo Marilyn Moroe de calcinha e sutiã. As modelos são lindas vestidas, não peladas. E isso vale até mesm

O que nossas crianças escondem?

Permaneço encafifada com os enigmas da tragédia da escola em São Caetano do Sul. É fácil quando há justificativas palpáveis, visíveis: O cara era louco... Sempre foi um desequilibrado.... Nunca teve amigos, namorada... A família era disfuncional... Sofria bullying... Mas quando o agente da insanidade se veste de bermuda, short e boné, adora bateria e pensa em ganhar um videogame de Natal? Aí você constata: leite caramelizado, com flocos crocantes e chocolate Nestlé: ó, mas é Chokito!! Ó, mas é apenas um garoto que, como seu filho, gosta do Ben10 e do Mutante Rex!!!! A comparação com o meu Tomás foi inevitável, pois tudo o que disseram e dizem do menino Davi é que ele era legal, afável, bom aluno, bom filho. Tinha um irmão, pai e mãe zelosos e carinhosos. Podia apenas trocar pela foto de Tomás. Tomás estampado no jornal chocando todo mundo. Como? Mas logo ele? Não dá para entender. Ou dá? O que será que passou na cabecinha do pequeno Davi para tirar a própria vida com um tiro na c

Teresina-Brasília: a que será que se destinam?

Não sei se falo da chuva ou falo de Torquato Neto. Um com o outro pode rolar, tudo a ver. Sem Rede Globo, é claro, que Torquato jamais se vendeu. Estou reapaixonada por esse cara, apesar de pouco dele conhecer até sábado, quando Chico César cantou e contou o piauiense afiado lá no CCBB. E o que seria de Brasília sem o CCBB? Um eterno deserto sem novidades e provocações. A aridez dos cem-dias-sem-chuva. Brasiliense é que nem sertanejo, fica de olho no céu, e sai da toca só pra mode apreciá os pingos batendo na terra ocre, acre, chofre. Eu mereço, sou filha de Deus! Os marronzim ficando verdim... A friagem nas narinas. Crinas balançando ao vento. Paulista acha que Brasília é sertão. Muita acertada a comparação, apesar do preconceito nela embutido. O planalto central é agreste, da peste, do coro marcado de sol e carestia de nuvem preta. Preta não, corrige Tomás, cinza. Cinza-preto, que mulher vê as nuances, meu filho. Pió é que tem boca que ainda reclama da chuvarada. "Detest

Litisconsórcio de deuses

O curso de Direito Civil me deixou desidratada de ideias... Esses recursos todos, agravos, embargos, rescisórias... Ai, quem aguenta esse palavrório seco, esturricado? Estudar a tese é uma coisa, há tantas nuances filosóficas instigantes. Mas o processo em si, que provação! Se a população brasileira tivesse um relance do imbróglio que envolve cada mísera pretensão de fazer valer o direito de, digamos, receber uma indenização por erro médico, desistiria de qualquer pretensão antes de começar. Quando penso que o meu irmão mais velho transformou um simples inventário de cartório em ação judicial só porque está aposentando e não tem mais nada para movimentar suas tardes de TV e pipoca, me pego planejando um homicídio triplamente qualificado!!! A cabeça começa a viajar em outras paisagens mais úmidas. E eu que cheguei a caraminholar que daria uma promotora aguerrida, uma advogada de talento... Não tenho paciência para a vida com ela é e suas regras recheadas de exceções. Gosto da vida é

Desentoados, uni-vos!

De agora em diante, não sou mais desafinada. "Se alguém disser que eu desafino, amor..." Elucido: não, eu sou é desentoada, tá? Juro que nunca tinha ouvido essa palavra (adjetivo que ninguém quer receber, vamos combinar). Mas ela existe no vocabulário dos regentes de coral... E significa que você está cantando fora do tom. Um jeito elegante de dizer que você é mais desafinado que uma seriema correndo desembestada pela estrada de terra. Mas o professor de canto coral confessou que ele também foi um desentoado. Então tem cura, né? E ela só pode vir com o cantar sucessivo e bem orientado. Danilo, o mineiro regente da Oficina Básica de Canto Coral e Técnica Vocal - Minas anda me rodeando tanto ultimamente... Saudades das montanhas e barroquices -, tem um desafio extremo pela frente: pegar uma galera grande e eclética, que nunca cantou para ninguém além de si mesma, e fazer todo mundo entoar umas cantigas bonitas sem desentoar na apresentação pública final. Eu sabia q

Mineiramente universal

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A chama do meu amor faz arder minhas vestes. É uma canção tão bonita o crepitar que minha mãe se consola, meu pai me entende sem perguntas e o rei fica tão surpreendido que decide em meu favor uma revisão das leis. (Canção de Joana D'Arc - Adélia Prado) O que dizer de Adélia Prado? Que por ela eu perdi aula de ioga e enfrentei fila com dor nos quartos, só para garantir um lugar na plateia de fãs? Adélia que adere na membrana que reveste o coração. Funde-se no músculo e me move para dentro de mim. A quente chama ardorosa da vela de sete dias, de mil dias, de vida inteira. Renovando minha crença no poder libertador da poesia. “Acordai do sono!”, pede Adélia, citando a Bíblia. Só mesmo Divinópolis poderia por no mundo essa Dona Doida moldada com o mineiro dom de humanizar. Adélia lê Adélia para o teatro lotado. “É a coisa que eu mais gosto de fazer: ler poemas em voz alta”. Eu também, Adélia. Eu também. “O que sou? De onde eu vim? Para onde eu vou? As três perguntas fundante

Fenômeno paranormal

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Sou um pouquinho mais maluca que a média das pessoas. Até mesmo que a média dos meus amigos, sobre os quais mamãe acertadamente concluiu: “Minha filha, você tem uns amigos tão esquisitos!” Tadinha... Não queria admitir que a própria cria era uma rebelde existencial... Mas esse preâmbulo todo é para perguntar uma coisa: vocês não sentem um nó na garganta quando têm nas mãos o peso de um livro clássico? Ou será que sou só eu que passo vexame? Veja bem (hum, eu não gosto dessa expressão, mas não tive outra no calor da escrita). Não, não! Não me dou por vencida, substituam o veja bem por P.S.: esse peso aí da pergunta não é fardo, tá legal? É reverência. É como se, ao tocar uma obra clássica, todas as sensações vividas por gerações e gerações de leitores automaticamente chegassem até você de forma fulminante. Acho que na doutrina espírita existe algo que explica esse fenômeno. Como tocar a roupa da pessoa e sentir tudo o que a pessoa viveu vestindo aquela roupa. Aqueles programas

A cozinha encantada da vovó Faride

Comida boa é o maior luxo que a gente pode ter. Talvez só não seja maior do que ter uma casa espaçosa e clara, repleta de lembranças boas. Sempre admirei quem sabe cozinhar e quem gosta de cozinhar. E a mais incrível das mordomias seria poder contratar uma cozinheira de forno e fogão e pagar um rio de dinheiro para ela me alimentar com prazer e bom humor. Eu devia ser uma grande cozinheira... Aulas de culinária com mestras maravilhosas não me faltaram. Mamãe, Dindinha, minha cunhada Núbia, tia Leila, as amigas Lara, Dedéia e Balbina, Nigella e Claude Troisgros, que os programas culinários estão entre os meus preferidos de assistir. Fico ali na frente, literalmente suspirando e babando. Sou uma voyer. Só pode. E houve uma outra fada da cozinha, que nome de fada já tinha: Faride. Seus quitutes da Pérsia eram dignos de viver mil e uma noites só para contar e comer, comer e contar. Vovó Faride é a vó da Dedéia, que com ela aprendeu muitos segredinhos culinários. Foi ali, na cozinha daqu

Protoblog do atentado

Subject: Afogada em bandeiras PostedDate: 09/18/2001 Olá amigos do Brasil!! Quem pode me salvar deste ataque superpatriótico que invadiu os EUA nesta última semana? Não sei que tipo de fanatismo é mais maluco: dos que morrem pelo Alcorão ou dos que vivem pela Stars&Stripes, a bandeira norte-americana... Pois é, galera, a segunda consequência imediata do atentado ao WTC (a primeira, como sabemos, é a revolta, o sentimento de vingança, a dor, a descrença...) a gente vê espalhada por todos os lugares: bandeiras. Se antes 90% das casas americanas ostentava orgulhosa uma bandeira na porta, agora são 110% dos lares, lojas, ruas, carros... As bandeiras são gigantescas e estão por toda a parte. As pessoas saem às ruas com camisetas de bandeira, bandana de bandeira, broches e botons de bandeira, capô embadeirado... Eu me sinto totalmente sufocada pelas listras brancas e vermelhas!!! Salve-me, please!!! O atentado, como escrevi para o amigo Paulo Magno, de Campinas/SP, vai aumentar a

Eram os deuses pianistas?

Quais deuses criaram o piano? Porque suas notas divinais não são, definitivamente, desse mundo. E nem tampouco pertencem à humanidade os pianistas virtuoses. Porque desvendar os mistérios de instrumento tão diáfano quanto monstruoso parece obra sobrenatural. As mãos de um grande pianista existem independentes da vontade dele. É autônoma, como se sofresse da síndrome da mão alienígena. Ou mais: é o Thing da Família Addams. A mãozinha genial e sinistra. O mentor da personagem deve ter inspirado-se num recital de piano para compor a criatura etérea, enigmática e assombrada. Porque uma apresentação de piano de verdade é inesquecível, um fenômeno extrassensorial. É sublimação. É transcendência. Até a respiração para de correr. Como se humildemente reconhecesse sua inutilidade perante a música. Dei-me conta de que não inspirava ou exalava quando meu coração - a galope - fez voltar a alma ao corpo. Estava ela levitando entre as brumas daquela composição perfeita. Rodopiando trôpega nos des

Baú do atentado

Subject: dia fake, dia tudo! PostedDate: 09/13/2001 08:12:PM Oi ansiosos amigos! Podem confessar que vocês já estavam agoniados para receber mais um dos meus relatórios... Bem mais calientes e interessantes que qualquer notícia de jornal. Confessem!!! Pois é, o problema é que foi difícil sentar aqui na frente do computer today. Eu praticamente dormi o dia inteiro. Já explico: antes de toda a nuvem negra se abater sobre Manhattan, eu vinha dormindo mal. Isto é recorrente na minha vida. Há fases em que acordo lá pelas quatro e meia da manhã, horário em que meu cérebro tem as melhores ideias. Se eu fosse para o computador nesse momento, só escreveria bestsellers. Comprei um calmante natural para ver se o meu sono melhorava e o comprimido foi uma porrada! Fiquei sonada ontem, anteontem, hoje... Demência, preguiça... Por isso, não pensem que eu me dopei por causa dos atentados, que não precisa chegar a tanto, tá? Se bem que a coisa está realmente feia. Obrigada, Má, por enviar as aná