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Mostrando postagens de agosto, 2010

Louca por tempestades

Você já experimentou a velhice chegando a galope na sua vida? Que pergunta mais besta. Quem é que deseja uma coisa dessas? Mas às vezes é involuntário. Acontece. Eu não queria, juro, mas fui obrigada. Uma pseudogripe não me abandonava há mais de mês. Decidi, pela primeira vez, procurar um otorrinolaringologista. Dor de garganta não faz parte do meu histórico médico. Ainda bem. Minhas amígdalas não foram extirpadas como foram de tantos da minha geração. Não pude tomar potes de sorvete para me recuperar da cirurgia, tratamento que me dava uma inveja daquelas. Mas eis que o meu ouvido direito começou a doer no meio da madrugada. Agosto em Brasília é mesmo um tour de force. Deveriam dar férias coletivas para toda a população. As aulas retornando somente “quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos”, ou seja, naquele momento em que a chuva, tão sumida, tão querida, retornasse para a salvação das vias aéreas superiores dos habitantes desse não regadio planalto central. Então e

Para vencer o concreto de Niemeyer

Canta, canta passarinho, canta, canta miudinho; Na palma da minha mão Quero ver você voando, quero ouvir você cantando; Quero paz no coração Quero ver você voando, quero ouvir você cantando; Na palma da minha mão (Geraldo Azevedo) Ele aparece escondido entre os arbustos, piando alto. Sua cabeça listrada de cinza e preto surge em meio ao verde vivo. “Olha aí, já está pedindo comida”, explica Roberto Teixeira Barbosa, 45 anos, segurança do Superior Tribunal de Justiça há 18 anos. Essa rotina se repete há mais de seis anos na portaria lateral do edifício Ministros I: passarinhos de várias espécies fazem do lugar um porto-seguro para procriação e alimentação graças ao talento de Roberto para interagir com os bichinhos. Roberto estala a língua e de repente já são dois tico-ticos. Ressabiada, a dupla vai se aproximando do pedaço de pão até dar a primeira bicada. Depois, é só alegria. “Eu comecei a conversar com eles, a chamá-los de nego... Eles foram chegando, chegando... Todo dia e

Sem peso nem medida

Eduquemos os adultos de hoje, e teremos as crianças do amanhã. Pitágoras O pediatra dos meus filhos estava desconsolado. Comentava comigo que o maior problema enfrentado no consultório ultimamente era a permissividade dos pais. “As crianças dormem tarde, mandam na casa, os pais não têm tempo para viver a vida a dois, os meninos perdem horas importantes de desenvolvimento”. Com certeza ele sabe do que fala. Tenho uma amiga que reclama não ter mais controle sobre o controle remoto: “A gente não consegue ver mais nenhum filme. São dez da noite e ela ainda acordada”. Informação importante: a filha da minha amiga acabou de completar três anos. Três anos e tiranizando os pais. Que fenômeno maluco é esse que roubou a autoridade dos mais velhos? De uns anos pra cá parece que papais e mamães tomaram água envenenada com o pó da omissão. Ou terá sido leitura em demasia? “Como criar meninos”, “Como criar meninas”... Excesso de informações criou deseducação, embaralhou o pensamento. Ninguém m